Alice Vieira
Excertos:
«Quando o despertador tocou, a casa
inteira parecia ainda adormecida. Lavínia sentou-se na cama e, de repente,
lembrou-se que o Natal estava à porta.
"Meu Deus", exclamou,
"tanta coisa para fazer e eu aqui deitada!" Não tardaria a ver a Mãe chegar
a pedir-lhe o pequeno-almoço, ou o Pai a resmungar porque queria ter ficado
mais tempo na cama. "Adultos...", pensou, "é preciso ter muita
paciência com eles..."
A Mãe andava agora com aquela mania de
que o Pai Natal não existia!...»
A primeira
prenda do Pai Natal (excerto da obra)
«O Pai Natal acordou muito cedo. Olhou para o
lado: a Mãe Natal ainda dormia. Levantou-se com muito cuidado (se ela acordava
de repente ficava impossível de aturar) e, em bicos de pés, foi até à porta da
rua. Abriu-a muito devagar e lançou os olhos, ainda vagamente piscos de sono,
pela imensidão gelada à sua frente. Neve, neve e nada mais além de neve. Uma
brancura que até fazia arder a vista.»
Jorge Tuela
Esta
obra de Jorge Tuela apresenta, entre outras histórias, um conto de natal
passado na fronteira transmontana. Uma história repleta de tradições e
contrabando.
Excerto:
“Nelo e Tina eram dois irmãos nascidos na
casa de um pobre lavrador, na povoação fronteiriça de Sodeceiça. O rapaz tinha
seis anos e a menina quatro. Nessa altura, por aquelas paragens, ainda não se
conhecia o Pai Natal e as prendas, fracas e simples, quando as havia, quem as
trazia era sempre o Menino Jesus que, depois da meia-noite, passava pelas casas
dos meninos que se portassem bem. (…)”
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