O dia 8 de março é, desde 1975, comemorado pela ONU
como Dia Internacional da Mulher,
para lembrar as conquistas sociais, políticas e económicas das mulheres. As
lutas das mulheres por melhores condições de vida e trabalho, bem como pelo
direito de voto, aconteceram quase ao mesmo tempo em todo o mundo.
A
8 de março, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma
fábrica de Nova Iorque entraram em greve e ocuparam a fábrica, para
reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10
horas. Estas
operárias, que recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas
na fábrica onde, entretanto, deflagrava um incêndio e
cerca de 130 mulheres morreram queimadas.
Em 1908, mais de 14 000
marcharam pelas ruas de Nova Iorque reivindicando o mesmo que as operárias no
ano de 1857, assim como o direito de voto. Caminhavam com o slogan Pão e
Rosas, em que o pão simbolizava a estabilidade económica e as rosas uma
melhor qualidade de vida.
Se,
nos nossos dias, perante a lei da maioria dos países, não existe qualquer
diferença entre um homem e uma mulher, na prática ainda perduram muitos
preconceitos em relação ao papel da mulher na sociedade. Resultado de uma
mentalidade ancestral, ficava ao homem mal assumir os trabalhos domésticos, o
que implicava para a mulher que exercia uma profissão fora do lar a duplicação
do seu trabalho. Foi necessário esperar pelas últimas décadas do século XX para
que o homem passasse, aos poucos, a colaborar nas tarefas caseiras.
Mas,
se no âmbito familiar se assiste a uma mudança, na sociedade em geral a situação
da mulher está ainda sujeita a velhas mentalidades.
“A igualdade
entre mulheres e homens é um objetivo social em si mesmo, essencial a uma
vivência plena da cidadania, constituindo um pré-requisito para se alcançar uma
sociedade mais moderna, justa e equitativa”.
Para comemorar este dia, a Biblioteca escolheu um poema de Florbela Espanca, que retrata a ternura e um desejo de felicidade e plenitude que é comum a todas as mulheres.
Os versos que te fiz
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.
Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer!
Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!
Amo-te tanto! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!
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